Número de casos de gripe em 2022 bateu recordes e cobertura vacinal no país continua baixa. Mas ainda dá tempo de se proteger!
Desde 2020, quando se fala em vacinas, logo vêm à cabeça a “vacina contra a COVID-19”. Todavia, esta não é a única doença contra a qual precisamos estar protegidos. O foco na COVID-19 fez com que, infelizmente, outras doenças acabassem sendo negligenciadas – e as consequências disso já começam a ser vistas. Uma dessas doenças, que voltou com força total este ano, é a gripe.
TOME SUA VACINA NA ALERGOLÓGICA!
A gripe pode parecer uma doença ‘simples’ e ‘comum’, porém é uma das principais causas de problemas de saúde e óbitos, especialmente em idosos. Em 2022, dados do SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade) mostrou um recorde de mortes por gripe no início do ano – foram mais de 1.700, sendo que os números no mesmo período dos anos anteriores não chegaram a 100. Idosos correspondem a 79% desses óbitos.
Segundo especialistas, o principal motivo deste aumento no número de casos severos de gripe é a cepa ‘Darwin’ do vírus influenza H3N2, que começou a se espalhar pelo país em meados do ano passado, altamente contagiosa. A flexibilização do uso de máscaras, o fim do isolamento social e a falta de vacinação contribuem para uma população mais vulnerável à doença.
META DE VACINAÇÃO ABAIXO DO IDEAL
Dados do Ministério da Saúde apontam que o país ainda não atingiu a meta de vacinação contra a gripe, mesmo com uma campanha nacional da vacinação começando em abril e tendo sido prorrogada por mais de dois meses.
Até mesmo as pessoas que fazem parte do grupo de maior risco – isto é, crianças, profissionais da saúde, gestantes, puérperas (mamães recentes), indígenas, idosos e professores, que compõe um grupo de cerca de 55 milhões de brasileiros – ainda não foram se vacinar. A cobertura atual neste grupo é de 61% de vacinados, quando deveria ser de 90%.
Vale reforçar: a cepa Darwin é combatida pela vacina da gripe disponível este ano em postos públicos e centros privados.
“A vacina é segura e é considerada uma das medidas mais eficazes para evitar casos graves e óbitos por gripe”, afirmou em comunicado o Ministério da Saúde. “A constante mudança dos vírus influenza requer um monitoramento global e frequente reformulação da vacina contra a gripe. Devido a essa mudança dos vírus, é necessário a vacinação anual (…)”, conclui o aviso.
Em 2022, a vacina contra a gripe encontrada na rede pública protege contra os três subtipos do vírus influenza que mais circularam no último ano no hemisfério Sul. Aqui na Alergológica, nossa vacina é tetravalente, isto é, protege contra uma cepa adicional do vírus, para uma imunização ainda mais abrangente. Ela é segura para todas as idades (a partir dos 06 meses de vida).
A vacina contra a gripe previne diversas complicações da doença, inclusive os efeitos mais severos, além de ajudar a aliviar a pressão sobre o sistema de saúde, sempre maior nos períodos frios do ano.
SURTO DE INFLUENZA A CAMINHO?
As consequências da falta de vacinados não param de aparecer. Na última semana, o boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destacou o aumento recente de casos de influenza A na cidade de São Paulo e em outras capitais do sul e do sudeste. Esta gripe provocou surtos no país em 2021, e pode gerar consequências severas, como pneumonias, em grupos de risco. É preciso estar atento à doença, especialmente entre idosos.
Caso você não tenha se vacinado contra a gripe este ano, ainda é tempo. Fortaleça seu sistema imunológico, proteja a sua saúde e de sua família. Faça da vacinação contra a gripe uma rotina anual de cuidado, garantindo um sistema imunológico fortalecido e mais preparado para enfrentar os “desafios invisíveis” do dia a dia.
VOCÊ SABIA?
A VACINA DA GRIPE E A PROTEÇÃO DO CÉREBRO
Vários estudos identificaram, nos últimos anos, uma associação entre vacinação contra a gripe e riscos menores de demência em populações mais velhas, algo que está sendo investigado por diversos grupos de pesquisa.
Este ano, um trabalho realizado por pesquisadores da Universidade do Texas e publicado no Journal of Alzheimer’s Disease analisou dados de saúde de quase um milhão de idosos nos Estados Unidos e mostrou que, ao longo dos 04 anos do estudo, cerca de 5% das pessoas vacinadas contra a gripe desenvolveram Alzheimer, contra 8,5% dos não-vacinados – isto é, havia uma correlação positiva entre se vacinar contra a gripe e riscos menores de Alzheimer.
Tal correlação precisa ser compreendida mais a fundo com estudos adicionais, mas já anima médicos e pesquisadores a manter a recomendação de fortalecer o sistema imune na terceira idade via vacinação contra as principais doenças infecciosas, o que pode gerar efeitos benéficos até mesmo na cognição.
Para saber mais
- Bukhbinder, Avram S. et al. ‘Risk of Alzheimer’s Disease Following Influenza Vaccination: A Claims-Based Cohort Study Using Propensity Score Matching’. 1 Jan. 2022 : 1061 – 1074.